segunda-feira, 16 de julho de 2012


O Homem não é Sempre Igual



Lendo o livro "ressurreição de Liev Tolstoi", vi um trecho que me chamou muita atenção, eis que aqui transcrevo:


Um dos preconceitos mais conhecidos e mais espalhados consiste em crer que cada homem possui como sua propriedade certas qualidades definidas, que há homens bons ou maus, inteligentes ou estúpidos, enérgicos ou apáticos, e assim por diante. Os homens não são feitos assim. 

Podemos dizer que determinado homem se mostra mais frequentemente bom do que mau, mais frequentemente inteligente do que estúpido, mais frequentemente enérgico do que apático, ou inversamente; mas seria falso afirmar de um homem que é bom ou inteligente, e de outro que é mau ou estúpido. 

No entanto, é assim que os julgamos. Pois isso é falso. Os homens parecem-se com os rios: todos são feitos dos mesmos elementos, mas ora são estreitos, ora rápidos, ora largos, ora plácidos, claros ou frios, turvos ou tépidos. 

Sobre a Obra:  Ressuressureição



Poucos romances que já li conseguem abarcar, de forma tão intensa, os impasses do ser humano frente às contradições da sociedade capitalista, tal como nos narra Tolstói, em seu bellíssimo “Ressurreição”.

Sua narrativa simples e rica de detalhes nos revela a desigualdade ríspida da Rússia do século XIX, mergulhada em idéias revolucionárias que muitas vezes entravam em choque com a sociedade tradicionalista da época. Por sua apurada descrição, ler este romance é como poder sentir na pele a frialdade dos campos de refugiados siberianos.

Nessa contradição de valores, o príncipe Nekhludov reconhece Maslova num tribunal prestes a ser condenada aos trabalhos forçados, razão pela qual ele a persegue para tentar fazer “justiça” – não que esta palavra significasse alguma coisa para ele, acostumado a grandes festas em palácios suntuosos –, mas por tudo aquilo que a salvação de Maslova representava, ou representou num dado momento de sua vida.

Na busca por remissão, o príncipe russo se despoja das riquezas e honrarias do mundo e ruma a favor de Maslova. Ao se deparar com todos os empecilhos que terá de enfrentar, Nekhludov se reveste de uma coragem irrefragável, a qual o permitirá conhecer uma realidade que sempre soube existir, porém jamais a encarou.

Em sua peregrinação, o príncipe Dimitri Ivanovitch Nekhludov conhece todos os problemas do sistema carcerário da época, que ele pôde perceber que abrigava a parte marginal da sociedade, pessoas desprezíveis que não usufruíam dos mesmos privilégios da elite russa a qual ele pertencia. Isto lhe provoca um sentimento de culpa jamais sentido, agora não só por Maslova, mas por todos aqueles camponeses, criminosos vulgares e presos políticos. Sentia-se co-responsável pela injustiça infligida àquela classe desfavorecida.

Na verdade, toda essa renúncia delineada em Ressurreição, escrita já no fim da vida de Tolstói, depois do grande sucesso de obras anteriores como Guerra e Paz e Anna Karenina, reflete parte da história de seu próprio autor. De fato, Tolstoi tentou renunciar as suas propriedades em favor dos pobres, mas a sua família impediu-o.

“Ressurreição”, escrito em 1899 e 1990, é uma obra caracteristicamente tostoiana, pois aí se admiram pinceladas sensíveis da sociedade russa e fidelíssimos retratos, sobretudo os femininos, que o autor costumava esmerar-se. Confronta, como uma boa obra russa, por excelência.


Sobre o Autor:



Liev Tolstói, também conhecido como Léon Tolstói ou Leão Tolstoi ou Leo TolstoyLev Nikoláievich Tolstói - em russo, Лев Никола́евич Толсто́й -(Yasnaya Polyana, 9 de setembro de 1828 — Astapovo, 20 de novembro de 1910) é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.

Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.

Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas sãoGuerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.

Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples. (Fonte Wikipedia)

Recado dado e livro recomendado. Bjos leitores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário