Oi pessoal!
Ontem onde eu cheguei o comentário era a bombação do livro "cinquenta tons de cinza" , da autora E.L.James.
Sinopse: Ana Steele é uma jovem virgem de 21 anos, ávida leitora dos romances ingleses do século 19 (Tess d'Urbervilles , de Thomas Hardy, é quase que personagem de Cinquenta tons), que por um desses acasos do destino vai parar no escritório do multimilionário Christian Grey. A atração física entre os dois (ela, sem graça; ele, praticamente um deus) é imediata. Rapidamente, os dois começam a se encontrar e Christian apresenta seu mundo a Ana. Um universo que cabe no chamado “Quarto Vermelho da Dor”, como a jovem chama o ambiente cheio de apetrechos para as sessões sadomasoquistas. Para entrar, ela tem que assinar um contrato (cheio de minúcias) do que é permitido ou não fazer.
Esse é o recheio. Mas, o que vai instigando a leitura (numa determinada hora, as cenas de sexo tornam-se repetitivas) é o romance. Todos os clichês do chamado “livro de mulherzinha” estão lá. Ele: atormentado, machista, superprotetor até beirar a obsessão. Ela: inocente, fraca à primeira vista, revela-se uma mulher forte. Da boa literatura do gênero (Jane Austen) à má (as velhas coleções de bancas de revistas), a história é a mesma. Só que com muito sexo.
O que realmente me irrita na personagem principal é a baixa estima repetitiva, achando sempre que não merece o maravilhoso Alex Gray.
Sexo vende. Não é preciso se graduar em Publicidade para saber disso. A escritora E.L. James podia não ter isso em mente quando começou a desenvolver a trilogia Cinquenta Tons, mas com certeza ficou muito feliz com o resultado de sua empreitada. Cinquenta Tons de Cinza é um guilty pleasure em excelência. Aquela obra que você sabe que não é boa, que você sabe até que não devia estar lendo (afinal tem coisas melhores por aí), mas você acaba lendo. É quase como assitir os Kardashians.
É fácil perceber a gênese de Cinquenta Tons de Cinza. Criado inicialmente como um fanfic de Crepúsculo,Cinquenta Tons de Cinza (principalmente em suas primeiras páginas) bebe, e muito, na fonte de sua musa inspiradora. Então, a protagonista Anastasia é um tanto tímida e desajeitada (pelo menos no começo, depois essa característica meio que desaparece), e o galã Christian é misterioso, sedutor e podre de rico. As semelhanças comCrepúsculo continuam até o trecho que emula o momento em que Edward salva Bella de um grupo mal-encarado na saga de Stephanie Meyer. A partir daí, Cinquenta Tons de Cinza mostra um pouco mais de sua personalidade (ou seja, sexo), mas exagera um pouco.
Se E.L. James reconhecesse a vocação de Cinquenta Tons de Cinza de ser um guilty pleasure, e nada mais do que isso, o livro seria imperdível. Mas, como acontece muito por aí, a escritora tenta dar ao livro dimensões maiores do que ele realmente pode suportar, o que significa inflá-lo de páginas desnecessárias, conflitos poucos explorados e personagens pretensamente complexos, mas que não são bem desenvolvidos. O resultado é uma obra irregular. As primeiras cento e cinquenta páginas do livro são facilmente devoradas, mas depois a coisa fica meio claudicante, e o final é anticlímax, já que a maioria absoluta das questões levantadas por James não são respondidas. Fica claro que ela quer deixar pontas soltas para os próximos livros, mas isso acabando não dando a Cinquenta Tons de Cinza um ar de material bem acabado.
Se as páginas excedentes do livro ainda servissem para desenvolver melhor os personagens, tudo bem. Mas isso não acontece. Os personagens do livro não crescem ao longo da narrativa e tem problemas de construção graves. É o caso do amigo de Ana, José, que começa a trama quase como um estereótipo de latino soltando Dios Mio aqui e ali, mas logo é esquecido. Ou o próprio Christian que parece perfeito demais, e não o monstro cheio de problemas que Ana quer nos fazer acredita. Certo, o cara gosta de BDSM, mas não é avesso a relacionamentos ou ao amor, apenas o demonstra de outra forma. Ele é quem mais faz concessões no livro todo, do que a Ana tanto reclama?
Enfim, prejudicado por momentos desnecessários (a formatura, o voo de planador), Cinquenta Tons de Cinza deixa de responder perguntas que fariam de Christian um personagem mais interessante, como aquelas referentes a sua infância, a relação com os pais adotivos, esse tipo de coisa. Curiosamente, a personagem mais interessante da narrativa só aparece em citações: a mulher que iniciou Christian no BDSM, e que Ana chama de Mrs. Robinson. Ela também deve aparecer nos livros futuros, o que só deixa Cinquenta Tons de Cinza com mais cara de prévia.
E por fim, os trechos que relatam o sexo. Os trechos são descritivos ao extremo, e na grande maioria das vezes, E.L. James consegue criar o clima sensual que o momento pede. O excesso desses momentos, no entanto, tira um pouco o impacto das cenas realmente boas.
Quanto ao fato de algumas pessoas acharem que o livro fala sobre a submissão da mulher e como elas gostam mesmo é de um homem que mande nelas, acho bobagem. Na verdade, o grande mérito do livro é mostrar uma mulher sexualmente curiosa que não sente vergonha de seu corpo ou de seus impulsos sexuais. Afinal, no início do relacionamento, Ana não gosta ou ama Christian, está com ele porque quer transar e pronto. O amor e todo resto vem depois, mas no começo ela só quer dar, e está muito certa. Mostrar uma heroína que não tem medo de sexo, muito pelo contrário, anseia por ele, é a grande contribuição de Cinquenta Tons de Cinza para seu público.
Dito isso, Cinquenta Tons de Cinza cumpre seu papel, ainda que seu impacto vá sendo diluido lentamente em seu excesso de páginas e falta de confiança. Acaba sendo um guilty pleasure com gosto de couro.
Pessoal minha opinião é minoritária, então vale ler, nem que seja pra dizer que eu tô errada.
Bjos pessoal e até a próxima
Nenhum comentário:
Postar um comentário